segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Avaliação Diagnóstica, Formativa e Somativa



O ano letivo começou, e então você já deve estar pensando, “ começa tudo de novo, e terei os mesmos problemas que tive no ano anterior”. Bem, se essa é a sua atual visão das coisas, quero lembrar que a definição de loucura é “fazer tudo do mesmo jeito e esperar que o resultado saia diferente”. Assim sendo, se você fizer exatamente o que fez no ano passado, certamente colherá os mesmos resultados ao longo deste novo ano.



Ocorreram problemas de indisciplina ? Baixo aprendizado ? Se a resposta foi SIM para uma das perguntas ou para ambas então você precisa repensar a sua prática atual ! E a melhor maneira de fazer isso é perguntar-se: “ como os meus alunos estão chegando ? quem são eles? O que eles já sabem? O que precisam aprender ? como eles poderão aprender melhor ? “.


Lembre-se que o Planejamento não é sobre você ou suas necessidades. Quem dita o quê e o como, são os alunos. São as necessidades DELES que precisam ser atendidas. Para isso é preciso investigar e encontrar as respostas para as perguntas que foram feitas anteriormente.


A ferramenta que você usará para responder à essas perguntas é realizando a Avaliação Diagnóstica. Não importa a matéria que você leciona, ou o grau de ensino. Quer seja no Infantil, Fundamental, Médio, Técnico ou EJA, a Avaliação Diagnóstica presta-se ao mesmo objetivo: diagnosticar, verificar e levantar os pontos fracos e fortes do aluno em determinada área de conhecimento.


É importante frisar que, infelizmente, muitos Professores utilizam apenas prova escrita para a realização desta avaliação. Quando na verdade existem mil e uma maneiras de realizar este levantamento de forma que os resultados sejam mais verdadeiros que aqueles levantados em uma mera prova escrita.


Esta avaliação não se restringe apenas ao início do ano letivo, porém deve ser usada ao longo do processo de aprendizado, para isso lance mão de dinâmicas, jogos, debates, desafios, apresentações, vídeos, produções musicais, construção de maquetes, resolução de problemas, brincadeiras, criação de blogs, fórum, etc.


Quando utilizada no início do ano letivo a avaliação diagnóstica fornece dados para que o planejamento seja ajustado e contemple intervenções para retomada de conteúdos, ou realização de encaminhamentos para reforço escolar, e até mesmo para Especialistas (Psicólogo, Fonoaudiólogo, Psicopedagogo), e quando feita ao longo do ano possibilita que tanto o aluno quanto o Professor possam refletir sobre a utilização de novas estratégias de aprendizado.


Jamais os dados da avaliação devem ser usados para classificar ou rotular o aluno em “aluno bom” ou “ aluno ruim”. O Professor deve ter em mente que a avaliação oferece um momento de aprendizado para ambos, professor e aluno. Enquanto Professor é possível verificar quais estratégias estão ou não funcionando, além de ser possível constatar quais hipóteses os alunos estão levantando na internalização e construção de determinado conceito.


Já para o aluno, com o devido feedback do professor, torna possível a compreensão e mensuração do conhecimento adquirido e quais hipóteses são verdadeiras ou falsas, para que o aluno possa descartar as falsas hipóteses e fique focado naquelas que o levarão ao aprendizado do conceito estudado. O feedback do professor lança a luz, clareando os chamados “ pontos cegos” em que o aluno se encontra tornando possível, assim, o avanço para a etapa seguinte do processo.


Nesta etapa a avaliação inicialmente diagnóstica, evolui para uma avaliação formativa, onde o processo de descoberta que induz a novas elaborações de aprendizado, sempre mediadas pelo professor, é o que de fato importa e conta.


A Avaliação Formativa é o tipo de avaliação que deveria prevalecer dentro das Escolas, por ser mais justo e atender de fato às necessidades dos alunos. Infelizmente, o que vemos é o uso da avaliação somativa, cujo único objetivo é meramente alcançar determinada nota para “passar” de ano, os alunos são rotulados pelas notas que alcançam e não são auxiliados onde de fato precisam de ajuda.


Por isso, antes de chegar “ ditando” o que você irá ensinar, comece em “ perguntando” o que os alunos já sabem para levantar o que eles de fato “precisam” aprender.


Quer compartilhar ? Quer dar mais idéias sobre avaliação diagnóstica ? Então aguardo seus comentários no blog.






BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

HOPFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à Universidade. P. Alegre. Educação e Realidade. 1993.

LUCHESI, C. Verificação ou Avaliação: o que pratica a escola? A construção do projeto de ensino e avaliação, nº 8, São Paulo FDE. 1990

WERNECK, H. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. Vozes.Petrópolis. 1994.



Como fazer Avaliação Diagnóstica

By Roseli Brito
                                       
Início do ano, turma nova, Escola nova, enfim, como começar o trabalho com os alunos?



Nem pense em iniciar o trabalho pedagógico partindo da premissa do que você ACHA que os alunos já sabem. É preciso investigar, avaliar, levantar o que de fato a turma já sabe e o que ainda ela não sabe.

O instrumento para fazer isso é realizar a Avaliação Diagnóstica, que tem o objetivo de verificar a presença e a ausência dos pré-requisitos de aprendizagem adquiridos, ou não, na série anterior.

Não há um modelo de Avaliação Diagnóstica, cada Professor, conforme sua disciplina e os pré-requisitos que precisam ser trazidos da série anterior, é quem elabora atividades que levantem o que o aluno sabe e o que ele ainda não aprendeu.



1) Quando e porquê realizar a Avaliação diagnóstica:


. Realizada no início do curso, período letivo ou unidade de ensino

. Tem a intenção de constatar se os alunos apresentam ou não domínio dos pré-requisitos necessários (conhecimentos e habilidades) para novas aprendizagens, caracterização de eventuais problemas de aprendizagem e suas possíveis causas (cognitivo)

. Função: diagnosticar

. Serve para identificar alunos apáticos, distraídos, desmotivados (comportamentos)

De posse dos resultados da avaliação diagnóstica será possível o Professor ajudar os alunos das seguintes formas:

. Estimular o relacionamento entre os alunos, através de jogos e atividades dinâmicas

. Criar intervenções pedagógicas específicas que auxiliem o aluno a superar dificuldades

. Criar Rotinas que reforcem o comportamento positivo dos alunos

. Realizar mudanças no ambiente da sala de aula que favoreça o aprendizado

. Adotar novas práticas de ensino que estimulem a participação da turma



2) O QUE AVALIAR:  

Levantar Pré-Requisitos da série anterior

Muitos Professores sempre mandam email pedindo modelos prontos de avaliação diagnóstica. Creio que isso deve-se ao fato de que, para o Professor, não há a clareza do que ele deve levantar neste tipo de avaliação.
Quando você conhece o que deve diagnosticar, basta você criar atividades pertinentes a sua disciplina, e isso é algo que você já está acostumado a fazer quando elabora as tarefas, as provas, as dinâmicas, os textos, os vídeos, enfim, quando você elabora a sua aula.
Você precisa ter claro que deve verificar os objetivos e metas a serem atingidos na série atual, e levantar quais são os pré-requisitos que o aluno já deve ter adquirido na série anterior.
Por motivos óbvios, não é possível fazer neste artigo, um detalhamento de todos os pré-requisitos para todas as disciplinas e séries, porém a título de ilustração, tomarei como exemplo um aluno que ingressa no 6º. Ano, e que o Professor de Matemática precisa levantar se este aluno traz os pré-requisitos necessários para cursar o 6º. Ano e atingir os objetivos estabelecidos para esta série.

- Situação : O Aluno está matriculado no 6º. Ano (verificar quais são os objetivos desta série no que refere-se à Matemática).

- Levantar quais são os pré-requisitos que esse aluno deve ter , em Matemática, ao chegar no 6º. Ano

- Exemplos de pré-requisitos que o aluno já deve trazer do 5º. Ano em Matemática:

. Operações Fundamentais

- adição, subtração, multiplicação e divisão

- algoritmos das operações fundamentais

- utilização das operações fundamentais como ferramenta para a resolução de problematizações

- cálculo mental


. Frações

- conceito e representações

- leitura e escrita

- comparação de frações

- frações discretas e contínuas

- cálculo de fração de quantidade

- frações equivalentes

- simplificação

- operações com frações

- resolução de problemas envolvendo frações


. Porcentagem e Gráficos:

- conceito de porcentagem a partir das frações decimais

- cálculo de porcentagem através de frações equivalentes

- resolução de problemas envolvendo cálculos de porcentagem

- desenvolvimento de procedimentos e estratégias para coleta de dados e informações em pesquisa de diversas naturezas

- construção de procedimentos de apresentação de dados coletados

- construção, leitura e interpretação de diferentes tipos de representações gráficas (barra, linha, setores)


. Geometria: Medidas, Formas e Construções Geométricas

- conceitos: ponto, linha, superfície, vértice, aresta, ângulo

- linguagem geométrica

- polígonos

- triângulos e quadrilátero

- propriedades dos triângulos

- conceitos: escalas e simetria

- construções geométricas com o auxílio do compasso e do transferidor

- ampliação e redução de figuras

- sólidos geométricos



3) Como Avaliar: Instrumentos de avaliação

Existem diversos recursos e práticas de ensino disponíveis que podem ser utilizados no momento da avaliação diagnóstica. Idealmente, selecione mais de um dos instrumentos abaixo :

. Pré-teste;

. Auto-avaliação;

. Observação;

. Relatório;

. Prova;

. Questionário;

. Acompanhamento;

. Discussão em grupo;

. Estudos de caso (análise de estudos de casos com o objetivo de identificar como o aluno responde à avaliação);

. Fichas de avaliação de problemas (trabalhar com modelos de fichas de avaliação), etc.



A utilização dos instrumentos deve ser adequada ao contexto em que o professor se encontra. Por exemplo, aulas com muitos alunos inviabilizam a avaliação por observação ou acompanhamento, enquanto que disciplinas práticas possibilitam esses instrumentos de avaliação.

Não se surpreenda se, ao analisar os resultados levantados na Avaliação Diagnóstica você tenha de fazer ajustes no Planejamento. Afinal, quando o Planejamento é criado, o aluno ainda não foi avaliado, e portanto, o Planejamento é elaborado com base em um aluno “ideal”, e portanto, é um Planejamento longe da realidade dos alunos, pois o Professor o elabora baseado em suposições e não em dados reais.

O fato é que, quando as aulas começam a situação mostra-se outra: alunos com defasagens de aprendizado, com dificuldades em determinados conteúdos, e sem os pré-requisitos necessários para cursar aquela série.

E antes que você reclame que realizar a Avaliação Diagnóstica é uma “perda” de tempo porque você tem que “dar conta” do Planejamento até o final do ano, já lhe aviso: o objetivo maior que você deve cumprir é criar todas as condições para que todos os alunos adquiram as competências necessárias de aprendizado e não apenas para cumprir o Planejamento.



Por isso mãos à obra: comece o planejamento pela Avaliação Diagnóstica. Já diz o ditado “ Se você falha em não planejar, você com certeza, já planeja falhar”. Aguardo seus comentários no blog.



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